Cruel

A Crueldade da Solidão e da Desconexão em 'Cruel' de Los Piojos

A música 'Cruel' da banda argentina Los Piojos aborda temas profundos de solidão, desconexão e a crueldade do mundo moderno. A letra começa descrevendo um mundo e uma noite cruéis, uma cidade adormecida e sem sonhos, o que já estabelece um tom sombrio e melancólico. A imagem de um beijo final seguido de um afastamento inevitável sugere uma despedida dolorosa e sem volta, reforçando a sensação de perda e desamparo.

A repetição da frase 'Nunca te vi en ningún aviso, nunca te vi en la televisión, nunca te vi en ningún diario, nunca nunca nunca escuché tu voz...' enfatiza a invisibilidade e a falta de reconhecimento do eu lírico. Essa ausência de presença nos meios de comunicação pode ser interpretada como uma crítica à superficialidade da sociedade moderna, onde as pessoas se tornam invisíveis se não estão nos holofotes da mídia. A lavagem da razão e a queima do coração mencionadas na letra simbolizam a perda de identidade e de emoções genuínas, substituídas por uma existência vazia e sem propósito.

A música também aborda a sensação de estar perdido e desorientado, como evidenciado na linha 'No sé que me tomo, no sé donde estoy, no sé hacia donde van mis pasos'. Essa confusão e falta de direção refletem a alienação e a desesperança do eu lírico. A avenida rara, vazia, deserta e perdida é uma metáfora poderosa para a solidão e a desolação interior. A repetição do refrão 'Somos fantasmas peleándole al viento' reforça a ideia de que, no final, todos somos como fantasmas lutando contra forças invisíveis e incontroláveis, em uma batalha constante e muitas vezes fútil contra a crueldade do mundo.