A de Ó (Estamos Chegando)

A de Ó: A Chegada dos Herdeiros da Resistência

A música "A de Ó (Estamos Chegando)" de Milton Nascimento é uma poderosa declaração de resistência e memória histórica. A letra é uma evocação das raízes africanas e da luta contínua dos descendentes de escravos no Brasil. Cada estrofe começa com a frase "Estamos chegando", que simboliza a presença e a persistência de um povo que, apesar das adversidades, continua a lutar por reconhecimento e justiça.

Milton Nascimento utiliza uma série de metáforas e referências históricas para ilustrar a trajetória dos afro-brasileiros. Ele menciona o "fundo da terra" e o "ventre da noite", remetendo ao sofrimento e à escuridão da escravidão. A expressão "carne do açoite" é uma referência direta às chibatadas sofridas pelos escravos. A música também fala dos "pretos rosários" e "terreiros", destacando a importância da religiosidade e da cultura afro-brasileira como formas de resistência e preservação da identidade.

A letra também aborda a marginalização e a luta contínua dos afro-brasileiros. Termos como "velhas senzalas" e "novas favelas" mostram que, apesar do fim oficial da escravidão, a opressão e a desigualdade ainda persistem. A menção aos "grandes estádios" e "escola de samba" sugere que, mesmo em espaços de celebração e cultura, a resistência e a revolta estão presentes. A música termina com uma chamada à ação, mencionando os "Novos Palmares" e a luta contínua, simbolizando a resistência e a esperança de um futuro melhor.

"A de Ó (Estamos Chegando)" é, portanto, uma canção que celebra a resistência, a memória e a luta dos afro-brasileiros. É um lembrete poderoso de que a história de sofrimento e resistência ainda está presente e que a luta por justiça e igualdade continua.