Dust To Dust

A Angústia Existencial em 'Dust To Dust' dos Misfits

A música 'Dust To Dust' da banda Misfits é uma poderosa expressão de angústia existencial e rejeição. A letra começa com uma acusação direta ao pai, que é visto como um pecador, e uma pergunta ao Senhor sobre o propósito da vida. O eu lírico se declara não ser um salvador ou filho, mas sim um garoto esquecido e uma criação abandonada. Essa introdução já estabelece um tom de desespero e alienação, onde o protagonista se sente desamparado e sem propósito.

A repetição da frase 'We turn to dust' (Nós nos tornamos pó) e 'Dust to dust' (Pó ao pó) reforça a ideia de mortalidade e a inevitabilidade da morte. A metáfora do 'beijo da morte' sugere que o eu lírico se vê como uma figura destrutiva, talvez até amaldiçoada. A música também aborda a relação conturbada com os pais, que são descritos como sem alma e responsáveis por criar um 'demônio brilhante' ou 'monstro de Deus'. Essa imagem pode ser interpretada como uma crítica à criação e à falta de amor ou orientação, resultando em uma existência vazia e dolorosa.

A conclusão da música, com a repetição de 'We belong dead' (Nós pertencemos mortos), enfatiza um sentimento de resignação e aceitação da própria destruição. A frase 'Ashes to ashes, dust to dust' (Cinzas às cinzas, pó ao pó) é uma referência direta ao serviço fúnebre cristão, sublinhando a inevitabilidade da morte e a transitoriedade da vida. A música, portanto, é uma meditação sombria sobre a existência, a mortalidade e a sensação de ser uma criação falha e abandonada.