Lamento Realengo

A Melancolia e a Beleza de 'Lamento Realengo' de Nando Reis

A música 'Lamento Realengo' de Nando Reis é uma profunda reflexão sobre a perda, a busca por sentido e a beleza encontrada na melancolia. A letra começa com uma pergunta dirigida a uma entidade divina, questionando o paradeiro de tudo o que foi perdido. Essa busca por respostas e por um lugar no mundo é um tema recorrente na obra de Nando Reis, que frequentemente explora questões existenciais e emocionais em suas canções.

A letra também faz uso de metáforas poderosas, como 'o balcão da eternidade achada e perdida' e 'o verão da vida de quem não encontraremos mais', para ilustrar a dualidade entre a vida e a morte, a presença e a ausência. A imagem do 'mar que o sertão irreversível não vai molhar' sugere uma sensação de desolação e impossibilidade, reforçando a ideia de que algumas perdas são irreparáveis. A viuvez enegrecida e o deserto vasto e mudo são símbolos de um luto profundo e de uma solidão que ecoa na imensidão.

No entanto, a música não é apenas um lamento; ela também contém um apelo à beleza e à esperança. A busca por trazer 'as estrelas e a lua pra essa noite' e o desejo de 'comer cada nuvem no céu' são expressões de uma fome por vida e por significado. A repetição de 'é muito bom bom bom' sugere que, apesar da dor, há uma alegria intrínseca na existência. A madrugada na eternidade é descrita como linda, indicando que mesmo nos momentos mais sombrios, há uma beleza a ser encontrada. Nando Reis, com sua habilidade lírica, consegue transformar a melancolia em algo poeticamente belo, oferecendo uma visão complexa e rica da experiência humana.