Cristo e Oxalá

Cristo e Oxalá: Fé, Cultura e Resistência

A música "Cristo e Oxalá" da banda O Rappa é uma poderosa fusão de elementos religiosos e culturais, refletindo a complexidade da fé e da identidade no Brasil. A letra começa com uma evocação de Oxalá, uma divindade do candomblé, e Cristo, figura central do cristianismo, sugerindo uma união entre essas duas tradições espirituais. A imagem de Oxalá como um espelho colorido que mostra a Cristo como mulato é uma metáfora rica que desafia as representações tradicionais de divindades e sugere uma visão inclusiva e diversa de Deus.

A repetição do refrão "Salve, Em nome de qualquer Deus, Salve" reforça a ideia de que a fé transcende as barreiras religiosas e culturais. A fé é apresentada como uma força de resistência e sobrevivência, especialmente em um contexto de opressão e violência. A menção aos helicópteros que caçam marginais no morro é uma crítica direta à brutalidade policial e à criminalização das comunidades pobres. Cristo, partindo do alto do morro, se transforma em Oxalá, simbolizando a união e a resistência das culturas afro-brasileiras e cristãs.

A fé é descrita como um "jogo de cintura", uma expressão que denota flexibilidade, resiliência e a capacidade de se adaptar às adversidades. Essa metáfora é particularmente poderosa no contexto das comunidades marginalizadas, que muitas vezes precisam encontrar maneiras criativas de sobreviver e prosperar. A procissão de Cristo/Oxalá, toda de branco, abençoando a fuga em uma nova direção, sugere um caminho de esperança e renovação, onde a fé e a cultura se entrelaçam para oferecer uma nova perspectiva de vida.