Sacerdotisa de Afrodita

A Sacerdotisa de Afrodita: Entre o Sagrado e o Profano

A música "Sacerdotisa de Afrodita" de Otro Tavella y los Embajadores del Buen Gusto narra a história de uma sacerdotisa da deusa do prazer, Afrodita, que se vê transportada no tempo para o Uruguai contemporâneo. No passado, ela ocupava um cargo de prestígio no templo de Afrodita, onde sua função era venerada e respeitada. A letra menciona que ela era frequentadora da taberna de Platão e amiga de Aristóteles, o que sugere uma conexão com figuras históricas e filosóficas importantes, reforçando a ideia de que sua ocupação era culturalmente significativa e respeitada.

Ao chegar ao presente, a sacerdotisa enfrenta a dificuldade de adaptar suas habilidades e, principalmente, de lidar com a desvalorização de sua ocupação. No contexto atual, seu papel sagrado é reduzido a uma profissão marginalizada, a de trabalhadora sexual. A música destaca a incongruência entre a visão sagrada que ela tinha de sua ocupação e a percepção moderna, onde o culto ao prazer não é mais visto como uma vocação respeitável, mas sim como um trabalho estigmatizado. A letra enfatiza que, embora a promiscuidade não a incomode, ela se sente desconfortável com o fato de sua prática ser considerada um trabalho comum.

A canção também aborda a luta da sacerdotisa para encontrar seu lugar no novo mundo. Ela vagueia pelo bulevar, desorientada e em busca do templo de sua antiga devoção. Sua economia começa a ruir porque ela não consegue conceber a ideia de receber remuneração por algo que, para ela, era uma ocupação sagrada. A música, portanto, levanta questões sobre a transformação dos valores culturais e a desvalorização de certas ocupações ao longo do tempo, além de refletir sobre a dignidade e o respeito que deveriam ser atribuídos a todas as formas de trabalho.