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Potro Gatiado

Pedro Ortaça

Letra

    Ser ginete é o meu destino, campeiro por profissão
    Crinudo que eu sento as garras deixo de rédeas no chão

    Eu recebi um convite dum fazendeiro afamado
    Que eu fosso na sua estância ginetear um potro gatiado
    Resolvi deixar meu rancho pra aconselhar um aporriado
    Não tenho os tutanos seco, nem meu fervido entrevado

    Pra encilhar aquela fera levei quase meio dia
    Coiceava a tarecama, relinchava e se mordia
    Eu já estava atarentado de tanto que eu me benzia
    Montei fazendo promessa rezando o que eu não sabia

    Ser ginete é meu destino campeiro por profissão
    Crinudo que eu sento as garras deixo de rédeas no chão

    Cruzou sacudindo o toso num galpão de santa fé
    Coiceou a cuia do mate e a cambona com café
    Se enfiou dentro duma sanga manoteando os aguapé
    Corcoveava se mordendo me dando coice no pé

    Amansei aquele potro pra rodeio e marcação
    Montaria de confiança para a filha do patrão
    Ser ginete é meu destino campeiro por profissão
    Crinudo que eu sento as garras deixo de rédeas no chão

    Quando a rodilha dos anos me segurar no gargalo
    Peço ao patrão das alturas que não me aparte dum pialo
    Não quero ver minha carcaça jogada dentro de um valo
    Quero ficar no rio grande pra camperear de a cavalo


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