Quizumba de Rei

A Profunda Simbologia de 'Quizumba de Rei' de Ruy Maurity

A música 'Quizumba de Rei' de Ruy Maurity, lançada em 1976, é uma rica tapeçaria de referências culturais e religiosas, especialmente ligadas ao candomblé e à umbanda. A repetição da frase 'A coroa de ouro é mariô, Ogum é tata, é tata' evoca a figura de Ogum, um orixá guerreiro e protetor, frequentemente associado a São Jorge no sincretismo religioso brasileiro. A coroa de ouro pode simbolizar a realeza e a divindade, enquanto 'mariô' pode ser uma saudação ou um cântico de louvor.

A letra também menciona 'Quizumba de Calunga', que pode ser interpretada como uma referência a rituais e práticas espirituais. 'Calunga' é um termo que pode se referir ao mar ou ao cemitério, ambos locais de grande importância espiritual. A frase 'Não dá mais tempo de explicar pro pessoal' sugere uma urgência ou uma situação de crise espiritual ou pessoal, onde o protagonista se vê envolvido em algo maior do que ele mesmo pode compreender ou explicar.

A menção a São Jorge, 'meu padrinho', reforça a conexão com Ogum e traz à tona a dualidade entre o sagrado e o profano. O protagonista se vê transformado de 'herói do dia' a 'marginal', talvez indicando uma queda ou uma perda de status. A frase 'Cada um por si não faz um Carnaval' é uma crítica social, sugerindo que a individualidade e a falta de união são prejudiciais para a comunidade. O Carnaval, uma festa coletiva e de celebração, só pode ser realizado com a participação de todos, simbolizando a importância da união e da solidariedade.