Samba-Enredo 1992 - O Negro Que Virou Ouro Nas Terras do Salgueiro

A Saga do Café e a Resistência Negra no Samba-Enredo do Salgueiro

O samba-enredo de 1992 do G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro, intitulado "O Negro Que Virou Ouro Nas Terras do Salgueiro", é uma celebração da história e da cultura afro-brasileira, com um foco especial na importância do café e na resistência negra. A letra começa com a evocação de um Preto Velho, uma figura de sabedoria e resistência na cultura afro-brasileira, que simboliza a força e a resiliência dos negros que transformaram o café em um tesouro nas terras do Salgueiro.

A narrativa do samba-enredo mistura história, lenda e fantasia, transportando o ouvinte para a Abissínia e a Arábia, regiões historicamente ligadas à origem do café. A letra sugere que a natureza, com sua sabedoria, trouxe essa delícia ao Pará, e que o café se espalhou pelo Brasil, apaixonando-se por suas terras e se tornando parte essencial da cultura local. A repetição dos versos sobre a cor, a raça, o cheiro e o sabor do café reforça a ideia de que ele é uma metáfora para a própria identidade afro-brasileira, rica e multifacetada.

O samba-enredo também aborda o ciclo do café no Brasil, destacando tanto a riqueza que ele trouxe para a nobreza quanto o sofrimento dos escravos que trabalharam nas plantações. A letra critica a transformação do café em um vício e uma rotina, uma "filosofia de esquina", e menciona até mesmo a crença popular de que o café pode trazer sorte na loteria. A repetição do refrão, com o Preto Velho socando no pilão, reforça a imagem de resistência e transformação, celebrando a contribuição dos negros para a cultura e a economia brasileiras.