Não Fui Eu Morena Que Fiz Arenga a Seu Pai

A Inocência e a Sabedoria Popular no Samba de Roda

A música "Não Fui Eu Morena Que Fiz Arenga a Seu Pai" do Samba de Roda de Dona Maria é uma expressão rica da cultura popular brasileira, especialmente do Recôncavo Baiano. O samba de roda é um estilo musical e de dança que tem suas raízes nas tradições africanas trazidas pelos escravos e que se misturaram com elementos da cultura portuguesa e indígena. Essa música, em particular, utiliza uma linguagem simples e direta para transmitir uma mensagem de inocência e sabedoria popular.

A repetição da frase "Não fui eu morena que fiz arenga a seu Pai!" sugere uma defesa enfática da personagem, que se declara inocente de qualquer conflito ou desentendimento com o pai da morena. A palavra "arenga" é uma expressão coloquial que significa discussão ou briga, e a repetição reforça a sinceridade e a insistência da personagem em esclarecer sua posição. Essa repetição é uma característica comum no samba de roda, que utiliza a repetição para criar um ritmo hipnótico e envolvente.

A segunda parte da letra, "Sapatilha bem feita, sapateiro é quem faz!", traz uma metáfora que exalta a importância do trabalho bem feito e do reconhecimento do mérito de quem o realiza. A sapatilha, um calçado delicado e bem-feito, representa o resultado de um trabalho cuidadoso e habilidoso, e o sapateiro é o artesão responsável por essa criação. Essa metáfora pode ser interpretada como um elogio à competência e à honestidade, valores fundamentais na cultura popular. A música, portanto, não só defende a inocência da personagem, mas também celebra a sabedoria e a justiça no reconhecimento do trabalho bem-feito.