Cálida Frieza

O dual paralelismo do amor em “Cálida Frieza” de Sandro Destro Lima

Toda a dualidade de um amor quente e frio, cheio de muitos questionamentos pendentes de respostas, estão presentes em “Cálida Frieza”, onde o eu lírico extrapola a narrativa de contrapontos possíveis de existir num relacionamento desequilibrado.
A primeira estrofe fala sobre a decepção gerada pelas dificuldades em compreender a pessoa amada, quando ela tem personalidade não verbal, sisuda e pouco afeita a demonstrações públicas de afeto, enfatizando que isso pode causar sofrimento, levando o eu lírico a encontrar seu próprio desencontro, isto é, onde toda a convicção torna-se nada.
Uma criança inocente e indefesa. Assim começa a segunda estrofe, que traz ao palco da canção fatos vividos pelo próprio casal, quando, na cama, o eu lírico deixa-se chorar sobre o peito de seu amor, molhando-o. Ao mesmo tempo em que, insula (isola, afasta) tudo o que foi negativo, da “coisa pura”, ou seja, do amor que defende ser de via de mão dupla.
A “pálida alegria” apresentada na terceira estrofe sinaliza que a pouca habilidade em externar afetos, ainda assim, tem a savoir-faire de produzir o encantamento, a embriaguez. É nesse recontro, onde a luta para conquistar o amor daquele a quem se devota o mesmo sentimento, demite as palavras em favor da concretude dos atos, anulando-as.
Por fim, o eu lírico se reconhece um mero aprendiz do amor, que implora, absorvido e inebriado, mesmo diante de uma “quente frieza”, a presença do ser amado, porque, contrariando a razão e os fatos, sabe que tem aquele amor para si. Segundo o autor, a letra é uma síntese de seu próprio relacionamento com Pierry Tavares, a quem devota amor único, em intensidade e troca, vivido até aqui.