Marcas do Tempo

Marcas do Tempo: A Sabedoria Ancestral e a Resiliência

A música "Marcas do Tempo" interpretada por Sandro Luiz, traz uma narrativa que evoca a sabedoria e a resiliência dos antepassados, em especial a figura do preto velho, uma entidade espiritual venerada nas religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé. A letra descreve a jornada de um preto velho que, apesar de ter vivido a dureza da escravidão, mantém a serenidade e a fé, ensinando lições valiosas sobre paciência e resistência.

O preto velho é retratado como alguém que já correu muito na vida, mas que agora entende o valor de esperar e de caminhar com calma. A referência à 'mironga', que pode ser interpretada como magia ou segredo, sugere que há muito conhecimento e histórias a serem absorvidos ao longo da vida. A menção às orações em igrejas e o pedido de intercessão à Virgem Maria indicam a sincretização religiosa, comum nas práticas afro-brasileiras, onde elementos do catolicismo são incorporados.

A segunda parte da letra remete à dura realidade da escravidão, com trabalhos forçados de 'sol à sol' e as noites passadas na senzala, onde, apesar do sofrimento, o preto velho ainda encontrava forças para rezar, pedindo a Zambi - um termo banto para Deus - por mais um dia de vida. A música conclui com um chamado ao reconhecimento dessa força espiritual, onde as lágrimas do preto velho são vistas como uma forma de alívio para os pecados dos outros, simbolizando a compaixão e a capacidade de perdoar.