Dois Boêmios
Sulino e Marrueiro
Quando num bar naufragado na bebida
Eu procurava esquecer um grande amor
Que foi embora me atirando nesta vida
Ali bebia pra ocultar a minha dor
Entre soluços com colega de amargura
E no retrato de alguém que não lhe quer
Ele dizia, foi a minha desventura
Ter confiado no amor desta mulher
Tuas palavras penetraram em minha alma
Como um punhal que feriu sem piedade
Pensei calar-me, mas enfim perdi a calma
E resolvi confessar toda a verdade
Vamos colega brindar nossa desdita
Pois ao saber que tivesse a mesma sorte
Essa mulher tão faceira e tão bonita
Tenho motivos pra odiá-la até a morte
Quero mostrar-te a mesma fotografia
Com falsas juras e seu nome autografado
Esta mulher prometeu-me um certo dia
Que para sempre viveria ao meu lado
Trazemos juntos esta mal triste lembrança
Grite ao garçom pra trazer mais uma taça
Será melhor não pensarmos em vingança
Brindemos juntos a sorrir nossa desgraça
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