Não Vale Nada

Desilusão e Desespero em 'Não Vale Nada' das Velhas Virgens

A música 'Não Vale Nada' da banda Velhas Virgens é uma expressão crua e visceral de desilusão amorosa e desespero. A letra começa com a descoberta de um velho retrato, evocando memórias de um amor perdido. A ausência da pessoa amada transforma a rua em um lugar vazio, escuro e triste, refletindo a dor e a solidão do eu lírico. Essa sensação de vazio é intensificada pela repetição da palavra 'maltratada', sugerindo que as lembranças são dolorosas e difíceis de suportar.

O refrão da música é marcado por uma explosão de emoções intensas e conflitantes. O eu lírico se descreve como 'bêbado, rouco e louco', dançando entre os carros na marginal congestionada, um cenário caótico que simboliza seu estado mental perturbado. Ele grita e blasfema, expressando uma mistura de paixão, ódio, mágoa e despeito. A frase 'uma mulher não vale nada' é repetida várias vezes, indicando um sentimento profundo de traição e amargura. Essa declaração pode ser vista como uma generalização impulsiva e dolorosa, fruto de uma experiência pessoal devastadora.

A música também faz referência a um poema de Augusto dos Anjos, conhecido por seu tom pessimista e sombrio. A citação 'Toma um fósforo, acende o teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro' reforça a ideia de que o amor pode ser traiçoeiro e doloroso. A mão que afaga é a mesma que apedreja, sugerindo que aqueles que nos amam também têm o poder de nos ferir profundamente. Essa visão amarga do amor e das relações humanas é um tema recorrente na obra das Velhas Virgens, conhecida por suas letras irreverentes e provocativas.

A música 'Não Vale Nada' é, portanto, uma poderosa expressão de desilusão e dor, capturando a intensidade das emoções humanas em momentos de perda e traição. A combinação de letras poéticas e referências culturais enriquece a narrativa, tornando-a uma reflexão profunda sobre a fragilidade das relações amorosas.