O amado

A Jornada Espiritual em 'O Amado' de Walmir Alencar

A música 'O amado', interpretada por Walmir Alencar, é uma expressão lírica da jornada espiritual e da intimidade com Deus, elementos comuns no gênero gospel/religioso. A letra reflete uma caminhada de autoconhecimento e fé, onde o eu-lírico reconhece ter sido atraído por uma força maior, simbolizada pelo 'olhar' e 'voz' que ainda ecoam em seu ser. A metáfora do grão que se entrega ao fim e a imagem do jardim cultivado com luz solar representam o processo de morte para o mundo e renascimento em Cristo, uma alusão à passagem bíblica de João 12:24, que fala sobre a necessidade de morrer para dar muito fruto.

A segunda estrofe da música revela uma descoberta pessoal: a presença constante de Deus ao lado do fiel, mesmo em meio às andanças e incertezas da vida. A referência aos 'santos altares' e ao 'coração sagrado' remete ao encontro com o divino e ao refúgio encontrado na fé. A música também aborda a ideia de pertencimento e entrega total a Deus, como expresso na frase 'Dono de mim não sou, me acostumei ser teu', que ressalta a submissão voluntária à vontade divina.

Por fim, 'O amado' fala sobre a transformação que ocorre quando se decide seguir os passos de Jesus, deixando para trás os desejos antigos e assumindo uma nova identidade em Deus. A repetição da frase 'Mas trago em mim teu amor' enfatiza a mudança interna e a marca indelével do amor divino na vida do crente. A canção termina com a afirmação de uma relação recíproca de amor, ecoando o Cântico dos Cânticos 6:3, 'Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu', que embora seja um poema de amor humano, é frequentemente interpretado como uma metáfora do amor entre Deus e a alma.