Cada Um Dá o Que Tem

A Sabedoria Popular e a Luta pela Sobrevivência em 'Cada Um Dá o Que Tem'

A música 'Cada Um Dá o Que Tem' de Zé Ramalho é uma rica tapeçaria de metáforas e reflexões sobre a vida, a luta e a sabedoria popular. A frase que dá título à canção, 'Cada um dá o que tem', é um ditado popular que sugere que as pessoas só podem oferecer aquilo que possuem internamente, seja bondade, maldade, sabedoria ou ignorância. Essa ideia é explorada ao longo da música, que se desenrola como uma meditação sobre a condição humana e a luta pela sobrevivência.

Zé Ramalho, conhecido por suas letras poéticas e muitas vezes enigmáticas, utiliza uma linguagem que mistura o sagrado e o profano, o místico e o cotidiano. Ele fala de um 'sagrado plano' onde 'impera quem traz o bem', sugerindo que a bondade e a retidão são recompensadas. No entanto, ele também menciona a 'lucidez do tesouro' e 'pingos de ouro', que podem ser interpretados como metáforas para a sabedoria e o conhecimento que se adquire ao longo da vida. A música também aborda a resistência e a tenacidade necessárias para enfrentar as dificuldades, destacando a importância da consciência e da capacidade de calcular e resistir às adversidades.

A canção também faz referência a emboscadas, tocaias e armadilhas, que podem ser vistas como os desafios e perigos que encontramos ao longo da vida. Os 'bichos que pelas trilhas infestam as madrugadas' e os 'dragões' que brilham com vingança nos olhos são imagens poderosas que evocam os obstáculos e inimigos que precisamos enfrentar. A menção a 'velho e criança perdidos pelos sertões' sugere uma visão de um mundo onde todos, independentemente da idade, estão sujeitos às mesmas dificuldades e incertezas. A música, portanto, é uma reflexão profunda sobre a condição humana, a luta pela sobrevivência e a sabedoria que se adquire ao longo do caminho.