Gaita Esgrimada
Helmo de Freitas
Que pena o moço de hoje
Que a gaita não pode ver
Abria goela na tarde
Se calava no amanhecer
Nas munhecas do gaiteiro
Esta tagarela ia
Levando a noite por diante
Entrando na barra do dia
Ai gaitinha
De ilheira esgrimada
Tu foi a rainha
Na colmeia da ramada
Arrastou para o pecado
Mocinha nova e cumadre
Desmanchou e fez casamento
Mais do que juiz e padre
Quando a alma ia pro dedo
Bolia inté tecla fanhosa
Ficava com a voz macia
Que nem chinoca dengosa
O galo abria o bico
No romper da madrugada
Entrava os raios de Sol
Nos buracos da ramada
O gaiteiro ia no pires
Limpar os pilas que tinha
E na orelha do povo
Se ouvia a voz da gaitinha
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