Nem Ouro, Nem Prata

A Celebração da Identidade Cultural na Música de Ruy Maurity

A canção "Nem Ouro, Nem Prata" de Ruy Maurity é uma expressão vibrante da identidade cultural brasileira, mesclando elementos da natureza, religiosidade e a valorização da miscigenação. A letra inicia com uma cena que evoca a força da natureza e a presença do divino, mesmo diante de fenômenos como chuva e relâmpagos, o céu se mantém azul, simbolizando a resiliência e a esperança. A menção a elementos da umbanda, como 'Samborê pemba' e 'folha de jurema', além da figura de Oxóssi, orixá associado à caça e à natureza, reforça a conexão com as raízes afro-brasileiras e a riqueza do sincretismo religioso do país.

A música também celebra a identidade afro-brasileira através da figura da mulher brasileira, descrita como 'faceira', 'mestiça', 'mulata', que encontra riqueza não em bens materiais, como ouro ou prata, mas no samba, que é apresentado como o verdadeiro tesouro que sangra do coração. A narrativa se opõe à personagem 'Conceição', que pode ser interpretada como um estereótipo de mulher idealizada pela sociedade, destacando a autenticidade e a beleza da diversidade cultural brasileira.

Por fim, a canção faz uma crítica à exaltação da saudade, um tema recorrente na música brasileira, propondo uma visão mais positiva e afirmativa da identidade nacional. A referência ao 'primeiro apito do ano 2000' sugere um olhar para o futuro, um desejo de renovação e continuidade da cultura brasileira, especialmente do samba-canção, que é abraçado como um amuleto do Brasil. A música de Ruy Maurity, portanto, é um hino à diversidade e à riqueza cultural do país, rejeitando a nostalgia para celebrar a alegria e a vitalidade do presente e do futuro.