Boneca De Pano
Janaína Maia
No baú de minha infância
Fui buscar, inutilmente,
Minha boneca de pano...
Minha fiel confidente
Meu mundo sem desenganos
Pedacinhos de verdades
Dum quadro de fantasias
Tão rústica e franzina...
Mas que tanto compreendia
Meus encantos de menina
(Queria minha boneca
Cabelos loiros, compridos,
Ora lisos, ora de trança
Vestidinhos coloridos
E os olhos verde-esperança
Babados contracenando
Com seios feitos de lã
Fechando a circunferência...
Traziam lindas manhãs
Dos cerros lá da querência)
Nasciam fontes de afagos
Na maciez dos seus dedos...
E os ouvidos, feito gente,
Guardavam os meus segredos
E os sonhos de adolescente
O seu olhar de ternura
Guardava o sol das tardinhas
E as profundezas de um rio...
Me sentia mamãezinha
No seu abraço macio
(Queria minha boneca
Cabelos loiros, compridos,
Ora lisos, ora de trança
Vestidinhos coloridos
E os olhos verde-esperança
Babados contracenando
Com seios feitos de lã
Fechando a circunferência...
Traziam lindas manhãs
Dos cerros lá da querência)
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